Sim. Um que foi atropelado por um automóvel. Sofreu traumatismo craniano. É bem pouco conhecido pois eles são uma parcela muito pequena da humanidade, evidenciados pelas características próprias, por isso "saltam à vista" quando os vemos. Quantos parentes ou amigos seus são anões? Quantos ao menos conhecidos?
A incidência da acondroplasia (o termo acrondroplasia refere-se a uma causa de baixa estatura, com face característica e membros curtos, os chamados "anões"; sendo, ainda, a hipocondroplasia uma patologia semelhante com alterações do esqueleto menos graves do que na acondroplasia) situa-se entre 1 em 16000 e 1 em 25000 nascimentos. Ou seja, 0,00625 a 0,004% da população e afetando ambos os sexos e todos os grupos raciais.
Como, pelo preconceito, eles costumam ser abandonados pela sociedade (muito mais neste país ignorante), acabam esquecidos e muitas vezes morrendo sem serem lembrados (como, se eram desconhecidos?). Na verdade, há inúmeros registros antropológicos de ossos de anões e ossadas... até Sheakspeare, em "Hamlet" fala da morte de um anão na famosa passagem do "Ser ou não ser..." pois aquele crânio que o príncipe segura não passa do crânio de Yorik, anão e bobo-da-corte.
Para conhecimento maior da doença, vai aí:
"A criança com acondroplasia apresenta baixa estatura, membros curtos (às custas principalmente dos segmentos proximais), mãos pequenas e largas com dedos curtos, lordose lombar acentuada, cifose dorsal e geno valgo discretos. Por radiografias podemos visualizar encurtamento simétrico e alargamento das rxtremidades distais do úmero, k-úbito (escrevo assim pois o Yahoo censura com "c" e "ú", quer ver, experimente escrever que só aparecerá "**bito") e fêmur e das extremidades proximais e distais da tíbia e perôneo. A coluna vertebral apresenta deformidade em cunha das três primeiras vértebras lombares. O ilíaco é curto. Os ossos das mãos são curtos e têm extremidades curtas alargadas.
Há várias formas de nanismo com ocorrência de membros curtos. Uma delas é a hipocondroplasia, também de herança autossômica dominante e penetrância completa. É ela considerada entidade genética diferente da acondroplasia porque não ocorrem as duas formas numa mesma família. Caracteriza-se pela ausência, tanto de mãos tridente, como de alterações de e face. As outras alterações ósseas são membros marcantes, de modo que só excepcionalmente o diagnóstico é estabelecido antes dos 5 anos de idade. Para o aconselhamento genético, o diagnóstico diferencial entre essas duas afecções não é importante, já que têm o mesmo tipo de heança; no entanto há várias doenças raras que é fundamental distinguir, pois têm herança autossômica recessiva. Cita-se:
1) Nanismo diastrófico – Trata-se de um nanismo por micromelia, presente ao nascimento, caracterizado por alterações do esqueleto: membros curtos, escoliose progressiva acompanhada de cifose e pé torto grave bilateral.
2) Síndrome de Quelce-Salgado ou nanismo polimicrodáctilo – consiste em um encurtamento extremo dos membros e deformação grave de pés e mãos. A doença é claramente a um gene autossômico recessivo. Todos os afetados do Brasil são provavelmente aparentados e resultaram de casamentos consaguíneos (muitas vezes, anões casam com anões devido ao preconceito, ou seja, um casal "isolado" se forma).
3) Síndrome de Ellis-van Creveld ou displasia condroectodérmica - Caracteriza-se por nanismo às custas de encurtamento dos antebraços e pernas, polidactilia, displasia das unhas, alterações dentárias e geno valgo.
4) Nanismo tanatofórico – Os membros são curtos, o tórax é pequeno e sua morte ocorre nos primeiros dias de vida."